quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Não procure saber onde estou...

"Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo."
Dom Casmurro, p.18

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Nesta data "querida"...

Após um longo tempo sem atualizar, venho aqui "dar as caras". Pequenas e solitárias palavras irei deixar.
Neste dia, nada especial e completamente sem sentido, resolvi colocar alguns pensamentos meus neste cantinho escuro, não iluminado pela luz que entra no meu quarto. Aliás, devo especificar que esta luz não é daquelas beeeem fortes, e sim tímida, como que quase se apagando. É uma luz teimosa, antes pouca do que nenhuma (ela pensa). O Sol não está brilhando ardente no céu, e eu vejo essa situação como algo convidativo para melhorar um pouco (ao menos) o meu dia de depressão.
Abri um livro que muito gosto: "Sonetos" de Bocage, e sem saber por quê, mas abri exatamente na página de uma das poesias dele que mais me afeta. Irei escrevê-la aqui:


Página 40 - poesia 20

Deixar, amado bem, teu rosto lindo,
Teus afagos deixar, tua candura,
Tanto me oprime, que da morte escura,
Sobre mim negras sombras vêm caindo.

Eu parto, e vou teu nome repetindo,
Porque dê desafogo, à mágoa dura;
Meus tristes ais, suspiros de amargura
Aquém dos mares ficarás ouvindo.

Mas se me cercam no cruel transporte
Quantas fúrias o báratro vomita,
Se meu mal é pior que a mesma morte:

O fado em me aterrar em vão cogita!
Com todo o seu poder não pode a sorte
Tua imagem riscar desta alma aflita!


Belas são estas palavras. Às vezes penso cá comigo mesma se seria capaz de escrever algo que chegasse à um décimo do que esta poesia consegue ser. Vejo-me totalmente longínqua de ter um dom tão incrível como este. Sei que escrevo bem, mas jamais brilhantemente como Bocage e muitos outros...

Agora sinto-me sem saída: Precisarei colocar algo da Florbela Espanca aqui. Se estou falando de mim mesma, inevitavelmente necessitarei das palavras dela.

CASTELÃ DA TRISTEZA

Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor ...
E nunca em meu castelo entrou alguém!

Castelã da Tristeza, vês? ... A quem? ...
- E o meu olhar é interrogador -
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr ...
Chora o silêncio ... nada ... ninguém vem ...

Castelã da Tristeza, porque choras
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais? ...

À noite, debruçada, plas ameias,
Porque rezas baixinho? ... Porque anseias? ...
Que sonho afagam tuas mãos reais? ...


Não consigo comentar o que este poema me significa. É tão além que não me parece possível fazer qualquer descrição. São palavras milimetricamente costuradas de modo perfeito.

E envelheço... E por mais que o faça, continuo a pensar que nem o principezinho "As pessoas grandes são decididamente muito bizarras".
Um trecho que adoro:


"E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se
lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves
esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável
pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se
lembrar."


Um pequenino pedaço do livro "Porque não se matava" de Lima Barreto:

"Esse meu amigo era o homem mais enigmático que conheci. Era a
um tempo taciturno e expansivo, egoísta e generoso, bravo e
covarde, trabalhador e vadio. Havia no seu temperamento uma
desesperadora mistura de qualidades opostas e, na sua inteligência,
um encontro curioso de lucidez e confusão, de agudeza e
embotamento."


Li há uns dias e é simplesmente o resumo do que acho: "Nenhum homem jamais se sentiu perfeitamente feliz no presente; se acontecesse, isso o
envenenaria." Schopenhauer - O vazio da existência

E agora, nesse momento sinto isso: "Quando o coração está em maré baixa, o mundo acaba por ser uma onda à deriva. Nessa tarde, Marguerite Remy passeou pelas ruas de Paris, de mãos dadas com a solidão." Jocelyn Bresson - Diário de uma virgem

Assim como Florbela, para mim exatamente no mesmo nível, não poderia deixar de colocar aqui Fernando Pessoa. Simplesmente um gênio! Sou fã, amante de suas palavras, independente do heterônimo. Esta poesia a seguir foi escrita por Pessoa no ano de 1913:



ABDICAÇÃO

Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.

Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços

Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.

Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Forever shall the wolf in me desire the sheep in you.

Há uma estrela no céu
Que ninguém vê, senão eu

Garrett


"Quando alguém constata que é um dos poucos que observam princípios morais nas relações humanas, pode ser tentado a cair na imoralidade, não por convicção nem por prazer, mas simplesmente para deixar de sofrer, pois não há maior dor que ser um anjo no inferno, um anjo cercado de diabos por todos os lados".

do livro "Como me tornei estúpido", do Martin Page


Bem, estava mexendo aqui em arquivos e encontrei num bloco de notas, os resultados de testes que fiz, como são em inglês, tive de traduzir agora mesmo...


Você é um Alien

Você é tão estranho que as pessoas geralmente se perguntam se você não é de outro mundo.
Você não tenta ser diferente, mas você vê a maioria das coisas de uma perspectiva única, não convencional. (Concordo)
Brilhante ao ponto de genialidade, você definitivamente tem certa inteligência avançada. (Sei disso não...)
Não importa em quais círculos você entra, você definitivamente se sente como uma estranha. E é um sentimento que você aprendeu a gostar. (Total)
Seu maior poder: Seu cérebro sobrehumano (Ahm, okay. o.o)
Sua maior fraqueza: Sua falta de empatia - você simplesmente não se dá com humanos (Isso sim)
Você se dá bem com Zumbis. (O.o... Talvez pq são inertes?)

Na sua vida passada...
Você era: Um bom assassino.
Onde você viveu: Japão
Como você morreu: Suicídio

Você é 76% Misantrópica
Aqui está a verdade: A maioria das pessoas são um saco. Você é sortuda o suficiente para saber disso.
Você não está preparada para viver sozinha numa caverna - mas você está chegando lá.

Você é perturbadoramente profunda
Você é contempladora, pensadora, e muito intensa.
Gastar tempo para descobrir qual o sentido da vida é a prioridade para você.
Porque você é tão introspectiva, você frequentemente reage de maneiras que surpreendem as pessoas.
Ninguém pode realmente compreender como você é por dentro... e isso os irrita.


quinta-feira, 26 de junho de 2008

I close my eyes, I'm safe from all harm, I'm safe in a dream.

Não existe o esquecimento total: as pegadas impressas na alma são indestrutíveis. (Thomas de Quincey)


Imagino uma primavera radiante.
Folhas e flores,
num campo verdejante.
O Sol aquecendo
porém não queimando,
e um lago azul e límpido
resfrescante.

Duas almas caminham
de mãos dadas,
e entre empurrões e beijos,
se amam.
Olham pro céu
de mãos dadas,
e assim permanecem.

A toda eternidade
em estrelas, como se fosse um filme,
cadentes medindo o amor
fogo que queima nos céus
arde em paixão na terra
entrelaçadas almas formam
um novo mundo ao toque dos labios,
mundo novo.

Ao som do vento.
olhos ao escuro da paixão
sensações...
desejos...
sentimentos...
Tanto que ja não me controlo por ti
carne, unha,
a sangue frio, bate forte o desejo
tão forte a calejar
mas nunca a esquecer, por ti
juntos..

E eu sussuro
no cantinho do teu ouvido
palavras,
promessas de um futuro,
apaixonante,
assim como nós agora somos
duas peças que se completam,
eternizados nesse sentimento
tão forte e pragmático
e ao mesmo tempo, profundo e subjetivo
meu anjo.



Poema em dupla: por Thais e Alex
5/9/2007

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Profundíssimamente hipocondríaca...

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre."

Clarice Lispector


O tempo passa e só tenho olhos para ti.
Os dias passam e só penso em ti.
Pensando em ti...
Imaginando teu toque suave na
minha tez lívida e frágil,
tentando sentir teu abraço mesmo
tão distante.
Mas estás perto de mim,
estás sempre na minha mente.
Fecho os olhos para sonhar contigo
e o idealizo em meus braços,
seus beijos nos meus lábios,
tua respiração ofegante em meu pescoço...
Idealizo-te.
Penso em ti a cada instante.
És especial...
És pequena estrela brilhante,
que guia e que ilumina,
és mais até mesmo
que o Sol e a Lua.
Ainda sinto teu toque,
ainda imagino amplexos,
tão doces e reconfortantes.
Mas não chores, meu anjinho.
És perfeito demais para chorar.
Não pranteies minha ausência,
pois contigo sempre estarei
e verei-te em breve,
mas não sei quando
e nem onde.

Data que a escrevi: 22/08/05

quinta-feira, 22 de maio de 2008

That's when I reach for my revolver...

No Tarot, o que vi me intrigou:

"Carta 20 - Kuan

Você é bastante discriminativo em questões amorosas, tem um meio de atrair justamente pessoas que também são altamente discriminativas. Tem uma profunda percepção do coração humano. Você é uma pessoa difícil de ser enganada no tocante à sinceridade de afeições, porque possui um aguçado senso do verdadeiro e do falso, do honesto e do hipócrita, do orgulhoso e do desprendido. Você dá imenso valor às espontâneas expressões do amor que recebe.
É tremenda a sua capacidade de encarar a sociedade em um amplo espectro panorâmico e, inclusive, pode ser dotado da segunda visão. Você é instintivo sobre assuntos importantes, intuitivo sobre os motivos dos demais e já compreende muitos dos segredos do coração humano; você consegue influenciar os outros sem que eles tenham consciência disto, apenas com sua presença. Quando está com sua melhor disposição de ânimo, emanam de você amor e sabedoria - os outros percebem isso e se sentem atraídos - você instila esperança no desespero das pessoas e elas se apegam à sua pessoa, às vezes ficando até emocionalmente dependentes, enquanto aprendem a confiar em seu próprio amor. Mesmo quando se sente solitário, você infunde confiança na vida de seus semelhantes, ao preencher-lhes a solidão. A ironia de tudo isso é que, com frequência, você se refugia em sua torre de marfim. Há ocasiões em que precisa ficar só, a fim de comtemplar o que jaz entre o céu e o inferno."

E um texto meu...


Meia-noite

Tudo acabou. Os sonhos, as vontades, os desejos, ânsias. Tudo se foi junto com as possibilidades.
Tudo dá errado. Tudo cisma em ir em direção a um único caminho denominado decepção. Este caminho, por sua vez, leva a um outro, solidão. Tudo me atinge, por mais que eu diga o contrário. Não consigo me enganar.

Que raiva! Antes abusasse da superficialidade! Uma simplória réplica ou um reles robô do que realmente sou.
O ódio agora atinge meus nervos. Ele está aos poucos tomando-me por inteira. Não existe mais sentido para nada.
E o ódio percorre cada veia, misturado ao sangue impuro de minha carne dolorida. Ódio esse, nada pacífico...

Solidão, solidão e mais solidão. Não aguento mais esse hóspede que me tenta toda noite, e me gasta o dia! Hóspede maldito! Vá-te para longe pois eu aqui não te suporto mais!

Tudo deveria ter um limite. Mas parece que só as coisas boas o tem. Parece que tudo de ruim é infinito e eterno, enquanto o bem é passageiro e curto. Não encontro saídas. A tristeza me aflige. O ódio me encerra. A solidão me corrói. O medo me faz continuar. Mas continuar por qual motivo? Não vejo sentido... O único motivo de minha sub-existência é o sangue de meu sangue.

Mas qual a causa disso tudo? Por que tanta dor? Tantos desencontros... Tanto sofrimento, tanta decepção.
O ódio me tenta. Mas agora, enxergo o mundo de outra forma. Mais simples e racional. Não possuo mais sentimentos. Eles morreram em meio a agonia desesperadora do meu dia-a-dia.
Esvazio tudo que sinto e agora o papel parece parar de respirar em meu lugar. Eu estava sem fôlego e agora já consigo aos poucos olhar pros lados.

Estou viva... Ainda não foi dessa vez - penso eu.

Meu espírito faminto por mentiras que, afáveis, agradassem e amenizassem o que sente, ainda chora, clamando por ajuda. Mas o socorro não vem. Ninguém vem... Ninguém vê...
O mundo continua girando mesmo eu estando quebrada. As pessoas continuam sorrindo, mesmo eu estando moribunda infeliz. A vida continua mesmo a morte estando próxima.
O choro não mais me aflige, e as lágrimas não mais querem cair. Só a lembrança fantasma persegue-me com suas visões aterrorizantes.

Tudo parece voltar ao normal. Meus olhos ainda inchados pelo pranto; meu coração, pelas cicatrizes. Mas tudo parece estar como antes.
A Lua ainda brilha.A fome ainda machuca. A sede resseca. O coração pulsa.
E a história se repete... Incessantemente.
(...)

18/06/05

terça-feira, 13 de maio de 2008

Differences


O frio é relativo

30ºC ou mais:

Baianos vão à praia, dançam, cantam e comem acarajé.
Cariocas vão à praia e jogam futebol.
Mineiros comem um feijão tropeiro.
Paulistas estão no litoral e enfrentam 2 horas de fila nas padarias e supermercados da região.
Curitibanos esgotam os estoques de protetor solar e isotônicos da cidade.

25ºC:

Baianos não deixam os filhos saírem ao vento após 17h.
Cariocas vão à praia, mas não entram na água.
Mineiros comem um "queijin" na sombra.
Paulistas fazem churrasco nas suas casas do litoral e ainda entram na água.
Curitibanos reclamam do calor e não fazem esforço devido ao esgotamento físico.

20ºC:

Baianos mudam os chuveiros para a posição "Inverno" e ligam o ar quente das casas e veículos.
Cariocas vestem um moletom.
Mineiros bebem pinga perto do fogão a lenha.
Paulistas decidem deixar o litoral, começa o trânsito de volta para casa.
Curitibanos tomam sol no parque.

15ºC:

Baianos tremem incontrolavelmente de frio.
Cariocas se reúnem para comer fondue de queijo.
Mineiros continuam bebendo pinga perto do fogão a lenha.
Paulistas ainda estão presos nos congestionamentos na volta do litoral.
Curitibanos ainda dirigem com os vidros abaixados.

10ºC:

Decretado estado de calamidade na Bahia.
Cariocas usam sobretudo, cuecas de lã, luvas e toucas.
Mineiros continuam bebendo pinga e colocam mais lenha no fogão.
Paulistas agora estão presos nos congestionamentos na cidade de São Paulo.
Curitibanos botam uma camisa de manga comprida.

5ºC:

Bahia entra no armagedon.
Cesar Maia lança a candidatura do Rio para as Olimpíadas de inverno.
Mineiros continuam bebendo pinga e quentão ao lado do fogão a lenha, que já se assemelha a uma fogueira de São João.
Paulistas vão a pizzarias e shopping centers com a família.
Curitibanos fecham as janelas de casa.

0ºC:

Não existe mais vida na Bahia.
No Rio, Cesar Maia veste 7 casacos e lança o "snoubórdi in Rio".
Mineiros entram em coma alcoólico ao lado do fogão a lenha.
Paulistas vão para Campos do Jordão e enfrentam 2 horas de fila para sentarem em restaurantes e barzinhos.
Curitibanos fazem um churrasco no pátio... antes que esfrie.

domingo, 4 de maio de 2008

Let me weep you this poem...

"Can you hear me calling your name?
I'm trying to reach out to you
Take my hand now
Or fake it somehow
Because I just can't take the truth

Hear me calling your name
I feel I'm depending on you
My heart's bursting out
I scream and I shout
Can you hear my call?"

Ari Koivunen - Hear my Call


"Never been told that something that beautiful
Would bring me up to let me down
(...)
Waiting up on the roof
Waiting up in the rain
Just to catch a glimpse of your face
(...)
You're like a ghost that I can't let go
You follow every step that I take
Carry me over, carry me over, carry me over now."

Avantasia - Carry me over

Incrível como ao ler os escritos de Pessoa percebo o quanto eles me descrevem. Realmente é incrível essa similaridade. É um sentimento de alívio e de agonia, pois vejo que não sou a única - por mais que eu já saiba disso - Que algum ser foi capaz de escrever sobre as mesmas aflições que me afligem (sem medo de ser redundante). Vejo que não sou tão distinta assim. Vejo que sempre existirão aqueles que compartilham de minhas diferenças. Tenho noção de que a desistência é um caminho covarde de se ver livre de todo desespero, porém também não poderia ela ser a vitória do cansaço?

terça-feira, 29 de abril de 2008

Venha à mim e seja qualquer coisa incerta...

Venha à mim e sejas qualquer coisa incerta.
Uma lágrima de saudade, um sorriso talvez.
Um amplexo nesta frialdade sem tamanho,
um consolo neste mundo egocêntrico.
Venha, sejas meu motivo - e que bem o sejas.
Tome-me nos teus braços, enlace-me.
Tome-me como nunca tomaste nenhuma.
Num misto de pureza e lascívia.
Deseje-me. Queira-me como eu sou.
Venha, logo. Entre ósculos e mordidas.
Mostrar-te-ei o que é a divina essência
Da felicidade. Nós a encontraremos juntos.
Venha à mim e sejas qualquer coisa incerta:
O que me falta nesta existência.
Afague-me, acaricie-me.
Tome este corpo exausto para ti.
Venha! Não hesites. Não dê passos para trás.
Não penses, não divagues.
Apenas tome minh'alma.
Apenas venha, meu querido...
E seja qualquer coisa incerta.

sábado, 26 de abril de 2008

Falência Sentimental

Soneto incrível: http://recantodasletras.uol.com.br/sonetos/961911

"I want to be brave, I want to be brave,
But the night goes up in flames
The courage we need
A fury to tame this madness
(...)
I want to be brave, I want to be brave
But I don't think I'll love again
The dark is so deep,
I've lost my way in this madness"
Sarah Slean - I want to be brave


"We had both been
Waiting so long, dreams fading
Is there hope for us
I have even tried to plan our first embrace
And i can't believe those old feelings won't be there
And if it's not, what then
Can you shake my hand and say "good luck my friend"
I don't need a friend
When i whisper something soft
You'll be a thousand miles from here"
Tori Amos - Every part of you

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Cem anos de solidão...

"Yet you remain,
Still you remain,
And she says:
Pray for daylight,
Pray for morning,
Pray for an end to our deception..."
The Cruxshadows - Decepcion

"Nothing's gonna stand in my way, no
Nothing, no, nothing will stand in my way
Nothing's gonna stand in my way"
Tommy Lee - Say Goodbye

"Walking down the street
Distant memories
Are buried in the past forever"
Scorpions - Wind of Change

"So, dream when the day is through
Dream and they might come true
Things never are as bad as they seem
So dream, dream, dream"
Michael Bublé - Dream

"What am I supposed to do
Sit around and wait for you
Well I can't do that
And there's no turning back
I need time to move on
I need a love to feel strong
'Cause I've got time to think it through
And maybe I'm too good for you"
Cher - Believe

terça-feira, 22 de abril de 2008

Can't you hear my storm coming? Stones falling on to you.

"The world is full of poets
We don't need any more
The world is full of singers
We don't need any more
The world is full of lovers
We don't need any more..."



A poesia a seguir não é minha, mas eu simplesmente a adoro... E descreve um pouco...:

Silêncio

Eu nunca havia sentido um coração silencioso.
Há um coração protegido,
com medo de se entregar.
Um coração silencioso, que não quer falar
fazendo companhia aos braços que não tem quem abraçar.
Um coração silencioso que derrama lágrimas de saudade
e sofre por não poder falar.
Ele quer dizer o quanto ele ama
mas não há quem queira ouví-lo.
É um coração silencioso que chora o amor infinito.
Ele não pode segurar todo o amor que le tem.
É um coração que quer sorrir,
dividir toda a esperança
com um coração que veja a beleza das flores,
que sinta a magia do amor,
que saiba apreciar o canto dos pássaros,
que cante, no encanto de sua existência,
toda a plenitude do amor.

domingo, 20 de abril de 2008

I didn't believe in anyone, but I found you today...

"Quero escrever na areia sua história
Junto com a minha
E no acorde doce da guitarra
Tocar as notas do meu pensamento
E em cada verso traduzir as fibras
Do meu sentimento
(...)
Eu quero ser o ar que tu respiras

Eu quero ser o pão que te alimenta
Eu quero ser a água que refresca
O vinho que te esquenta
E se eu cair, que caia em seu abraço
Se eu morrer, que morra de desejo
Adormecer dizendo que te amo
E te acordar com um beijo
(...)
E só penso em você a todo instante
Quero sair contigo em noite enluarada
Dois adolescentes pela madrugada
Pra viver a vida sem pensar em nada"

Essa música me veio em mente, agora que lembre-me da antiga novela de ciganos, Explode Coração. Era a música-tema "Estou apaixonado". Só não tenho certeza se na época era cantada em espanhol ou já em português. Enfim, gosto dessa letra e ela é auto-explicativa. Não me importo com que estilo musical ela seja, já que não tenho pré-conceitos formados.

"I'm your princess
For a night
Maybe forever
We were dancers in the rain
And its still remains"

Be my knight, dear one... Steal my heart. Runaway with me... Faraway from here. Give me your strength and I'll give you mine. We'll ride to forbidden fields... And find the lost hope together.
Let's make our history... Right now.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Hey love, don't turn away now. These are the scars that silence carved on me...


Sinto uma calmaria. Uma tranqüilidade. Estranho esse estado de espírito. Certeza de que tudo é passageiro.
Que será essa força que me acalma e me acaricia o rosto? Que será esse conforto infundado? Uma espécie de conforto baseada numa força abstrata. Queria tanto que essa força não fosse apenas abstrata... Como queria que ela se materializasse... Bem próxima... Aqui. Comigo.

Ultimamente tenho precisado muito de uma força para apertar-me contra o seu peito e beijar-me a testa... Um abraço bem forte e um carinho para dormir. Minha mente está cansada de somente um espírito para guiá-la. Meu corpo está sentindo-se enganado...

Mesmo perante esta agonia, sinto a presença ausente desta nova força na minha vida. Ela me arranca sorrisos quando estou cabisbaixa. Faz-me desejar cada mais estar ao seu lado, e torna-se como um vício.


Cogumelo Plutão
Esperando na janela


Quando me perdi

Você apareceu
Me fazendo rir
Do que aconteceu
E de medo olhei
Tudo ao meu redor
Só assim enxerguei
Que agora eu estou melhor

Refrão:
Você é a escada da minha subida
Você é o amor da minha vida
É o meu abrir de olhos do amanhecer
Verdade que me leva a viver
Você é a espera na janela
A ave que vem de longe tão bela
A esperança que arde em calor
Você é a tradução do que é o amor

E a dor saiu
Foi você quem me curou
Quando o mal partiu
Vi que algo em mim mudou
No momento em que quis
Ficar junto de ti
E agora sou feliz
Pois lhe tenho bem aqui



quarta-feira, 16 de abril de 2008

Hungry for you. Watch me tearing myself to pieces...

"É preciso coragem. Uma coragem danada. Muita coragem é o que eu preciso. Sinto-me tão desamparada, preciso tanto de proteção...porque parece que sou portadora de uma coisa muito pesada. Sei lá porque escrevo! Que fatalidade é esta?" Clarice Lispector


O que é o tempo? Nós o gastamos tanto, gastar mesmo: Desperdiçar. Será que temos noção da efemeridade da vida? Tudo acaba tão rápido. Tudo passa de um modo até mesmo assustador. Quando reparamos em algo, já passou por nós. O mundo não pára de girar, nada pára. Mesmo quando estamos pedindo por socorro, ninguém pára. Tudo continua acontecendo, não há como pedir pra descer.

A vida em si é apenas um sonho. Sonho o qual um dia acordamos. E esse despertar é chamado de Morte.

Será válida toda essa jornada rumo à algo que não sabemos ao certo definir? Só saberemos quando chegar no momento. E é incrível como ninguém quer que esse momento chegue. Podemos ver uns poucos desgraçados que desejam, mas grandiosa parte deles mesmos não têm coragem de terminar logo com isso, e findar suas existências terrenas. Será que a vida vale tanto assim?

Qual é o maior valor da vida?

Deixo aqui uma pergunta. E penso em qual seria as respostas que as pessoas me dariam... E por isso farei uma pesquisa com esta questão. Tão logo eu as tiver, as colocarei aqui.

"A vida -- e não acredito que sou o primeiro a fazer esta comparação -- é uma doença: sexualmente transmissível e invariavelmente fatal." Neil Gaiman
"A vida não vale que as pessoas se dêem ao trabalho de a deixar." Jacques Rigaut

"
A cada manhã que acordo, experimento novamente um prazer supremo - o da existência." Salvador Dalí

Essa pesquisa, decidi fazer anteontem, ao voltar da faculdade e ver a seguinte afirmação: "O maior valor da vida é a saúde." Sinceramente, não concordo com ela em nenhum aspecto, pois várias pessoas prezam muito suas respectivas vidas, e as levam com pouca saúde, doentes, sem membros, ou com problemas sérios e mesmo assim, a prezam. Então este não pode ser o maior valor. Quero saber as opiniões de algumas pessoas quanto à isso. :)


terça-feira, 15 de abril de 2008

How could an angel break my heart?

"Strange how you know inside me
I measure the time and I stand amazed
Strange how I know inside you
My hand is outstretched toward the damp of the haze

And of course I forgive
I've seen how you live
Like a phoenix you rise from the ashes
You pick up the pieces
And the ghosts in the attic
They never quite leave
And of course I forgive
You've seen how I live
I've got darkness and fears to appease
My voices and analogies
Ambitions like ribbons
Worn bright on my sleeve

Strange how we know each other

Strange how I fit into you
There's a distance erased with the greatest of ease
Strange how you fit into me
A gentle warmth filling the deepest of needs

Strange how we fit each other

Strange how certain the journey
Time unfolds the petals
For our eyes to see
Strange how this journey's hurting
In ways we accept as part of fate's decree"



Trechos de: Vienna Teng - Eric's Song


Can't you hear my storm coming? Stones falling on to you...

Desculpem pelo post sem grandes escritos, mas hoje estou impossível... Simplesmente não dá pra escrever...
Então colocarei o poema que fiz especialmente pra alguém:

A Busca

Encanta-me os olhos da aurora
Sorri-me o horizonte de outrora
Vinte anos de espera pelo desconhecido
Em busca do verdadeiro sentido

Palavras, insígnias, gestos, sussurros
invariavelmente soam como urros
numa alma inquieta e sagaz
Em busca da verdadeira paz.

A luz do Sol que aquece a mente
tentando esquecer o inconsciente
de minh'alma perdida, em ardor
Numa busca única pelo amor.

14/04/08
23:30

segunda-feira, 14 de abril de 2008

I just died in your arms tonight. Must be something you said...

"Eu trocaria todos os meus amanhãs por um único ontem." Janis Joplin

"Para entender o coração e a mente de uma pessoa, não olhe para o que ela já conseguiu, mas para o que ela aspira." Gibran Khalil Gibran

"Tudo que escrevo é meu e vem de mim; é visceral e vital." Lya Luft


Como num ímpeto, começo a escrever. E é tudo que faço bem, nestas horas fúnebres que se passam, vagarosamente. Observo o relógio e sua árdua caminhada ao próximo minuto. Que dor! Os segundos ardem como brasa quente, queimando minha pálida cútis.


Que posso fazer para que esta agonia infernal me deixe? Preferiria a inércia absoluta do que estar permanentemente acompanhada pela melancolia. Minha confidente nestas horas vazias, em que divago no espaço insone das madrugadas. Madrugadas gastas.

Alguém poderia me acudir? Estou pedindo abertamente por um auxílio, e todos sabem muito bem o quanto orgulhosa sou, e o quanto adoro ser auto-suficiente em quantos mais aspectos puder. Que dor, que dor que me acolhe! Parece que alguém segura meu coração e o esmaga impiedosamente em sua mão, apertando-o até todo o sangue escorrer por entre os dedos, raivosos. Quem sabe seria melhor se um gládio logo o perfurasse? Será que existe cura para o mal que me aflige? Será...?

Sinceramente aguardo uma resposta positiva. Minha maior ânsia é uma cura. Eterna. Quero um príncipe num cavalo branco, e que ele venha e me salve desta vida a qual eu respiro com dificuldade, esse ar pesado e desgastante. Quero uma vida encantada, com seres mágicos e uma alegria sobrenatural. Quero desejos intensos e correspondidos de modo igual. Quero um mancebo perfeito aos meus olhos, e quero que eu seja a sua perfeita (porque perfeição está no olhar de cada um). Quero ser sua rainha e que ele seja eternamente meu rei. Quero que vivamos em nossa própria realidade, somente nossa. Livre de qualquer interferência. E que combatamos o mundo juntos. Juntos.

Quero que o amor que nos marque seja incessante, e que ultrapasse qualquer barreira existente, e que seja impossível de deter. Quero abraços expressem a afeição que nossos corpos sintam um pelo outro. Quero que meu companheiro me diga palavras que soem como melodias harmoniosas e belas, e quero poder cantá-lo uma canção para dormir, embalado pelos meus braços. Quero proteção. Quero admiração. Quero que ele seja o único enigma que me encanta, e que me arranque sorrisos por qualquer gesto que ele tenha. Quero descobri-lo por completo... E quero que ele me descubra. Quero ser seu mistério favorito.

Não desejo mais um "amor" efêmero, nem mais superficialidades. Não desejo falsos sorrisos, e sim lágrimas verdadeiras. Não desejo apenas tê-lo em meus braços, mas nos meus pensamentos. Não desejo deixá-lo desmoronar sozinho, mas acudi-lo e caso não consiga, desmoronar com ele. Não desejo que apenas me elogie, mas críticas que me ajudem a melhorar. Não desejo apenas prazer, tampouco apenas diversões. Não desejo riquezas materiais. Não desejo demonstrações públicas mas sinceras. Não desejo mentiras, mesmo que sejam para proteção.

Penso em tudo isso, e penso no quanto não peço muito. Apenas detalhes que fazem toda a diferença. Sei que não sou guria de capa de revista e portanto não peço o mesmo, mas quero que a mentalidade seja demasiado superior à novelinhas sem importância. Minha ânsia é crescer, constante ascensão, e desejo alguém que me acompanhe nesta jornada.

Uma vida calma porém tempestuosa como meu temperamento. Beijos trocados após a discussão de quem mais se gosta. Abraços apertados. Uma carta. Outra carta. Palavras sussurradas no ouvido e uma leve mordida. A sensação de beijá-lo com muita, muita saudade. A presença na ausência. Uma voz que acalma, mesmo quando o mundo está caindo. Sorrisos sem motivos aparentes. Sorrisos bobos, sem graça, acanhados. Lágrimas de alegria. O carinho de consolo. O olhar que penetra e encontra a alma, sem nenhuma dificuldade. A queda das máscaras: O amor.

(12/04/08 - 22:50 -> 14/04/08 - 21h)



domingo, 13 de abril de 2008

O Sol não queima somente a pele

"Sofrer e chorar significa viver."
Fiodor Dostoievski
"O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo."
Honoré de Balzac


Do site Wikipedia:
Melancolia (do grego μέλας "negro" e χολή "bilis") é um estado psíquico de depressão sem causa específica. Se caracteriza pela falta de entusiasmo e predisposição para atividades em geral. (...)
Pessoas com sintomas de melancolia falam de si próprias como "inúteis", "incapazes de amar", "incapazes de fazer algo bem, ou de bom para os outros", como "irritantes", com "hábitos chatos", e outras características onde o eu interior é desvalorizado por afirmações muitas vezes falsas.
Não estou afirmando nada, mas simplesmente é isso. Que desânimo! Estou desfalecendo, numa falta de vontade, parece que me faltam forças... Tudo parece tão chato. Tudo se assemelha entre si, e tudo tão... Desanimador. Sinto-me indiferente. Indiferente à tudo. Esta languidez me devora viva.

TÉDIO

Passo pálida e triste. Oiço dizer:
“Que branca que ela é! Parece morta!”
e eu que vou sonhando, vaga, absorta,
não tenho um gesto, ou um olhar sequer ...

Que diga o mundo e a gente o que quiser!
- O que é que isso me faz? O que me importa? ...
O frio que trago dentro gela e corta
Tudo que é sonho e graça na mulher!

O que é que me importa?! Essa tristeza
É menos dor intensa que frieza,
É um tédio profundo de viver!

E é tudo sempre o mesmo, eternamente ...
O mesmo lago plácido, dormente ...
E os dias, sempre os mesmos, a correr ...


Florbela Espanca (Livro de Mágoas)

sábado, 12 de abril de 2008

Vejais e ouçais a peça!

"No entanto sem prazer eu desperdiço a vida;
E freqüentemente quando, para mim, as horas da noite
escoam sem sono, sem sonho, sem ruído,
No meu coração se agitam pensamentos brilhantes,
Desejos invencíveis, ímpetos insensatos."
Ch. Dovalle

"Oh, se esta carne sólida, sólida demais, pudesse derreter, evaporar e voltar à terra como orvalho! Se o Eterno não tivesse erguido a sua lei contra o suicídio! Deus! Meu Deus! Quão tedioso, inútil, vazio, estéril é o mundo, para mim, com todos os seus hábitos. Que horror!"
Shakespeare, Hamlet


Se esta carne frágil em desânimo se consome e me tenta em ímpetos desgostosos, que posso fazer eu, reles criatura feita de utopias e desilusões, para evitar este tão grandioso constrangimento de desfazer-me em simplórias memórias... E cobiçando melhoras, desfaço-me em palavras, crias de minha tristeza. Que só elas, somente elas, podem auxiliar-me nesta jornada infeliz... Que lástima! Oh vida! Que lástima!

Que hei de fazer se unicamente o sangue que corre pelas veias é o que me segura nesta existência terrena? Que hei de fazer se nada mais me dá a devida animação? Que hei de fazer se esta sina apenas me parece mais uma longa caminhada sem propósito e sem motivo aparente? Sinto agora mais que simples ânsia, mas uma vontade de ter um motivo para seguir. Vejo no fim do túnel uma luz. Por mais que esta esteja longínqua, é brilhante e bela em sua insensatez.

Procuro pela saída. Talvez um dia eu habite um jardim de rosas vermelhas, como sempre quis. Oh mísera utopia de minha mente! Oh cruel realidade que me apavora e me faz escrever estas linhas errantes! Sempre desejei poder viver em meus sonhos, e ter com quem compartilhá-los, ter alguém para sonhar comigo, perdida e inebriada em meu próprio mundo. Ter alguém para partilhar este mundo. O mundo que eu criei para me abrigar enquanto realizo a procura pela felicidade.

Se esta alma que me pertence, sente-se inabitável, que sou eu? Que humana sou para viver deste modo? Autista e aprisionada na gaiola que eu mesma criei, persisto nas idéias retrógradas que possuo. Não pretendo mudar, não desejo este tipo de transformação. Minhas idéias são parte do que considero "eu mesma". E mesmo correndo o risco de parecer narcisista, digo com muita ênfase: Orgulho-me de meus pensamentos! - Não o digo pela aparência nada modesta, mas sim pela raridade. Tenho ciência de que o modo pelo qual eu penso não faz parte do senso comum e de repente, exatamente por isso, eu possuo este orgulho contraditório de mim mesma. Orgulho pois adoro tudo que não é freqüente, há um quê de excitação nisso! E não poderia deixar de ser paradoxal, pelo fato de que em tantos momentos desejo desaparecer da face da Terra. Um misto de ódio de existir, com cansaço da própria existência, cansaço desta vidinha medíocre. Creio que só preciso de algo novo.

Onde o encontrarei? Sei bem, tu sabes, as pessoas me são tão desinteressantes (E nem faço questão de esconder esta minha exaustão com relação à humanidade) ! Sabes pois, que para algo ou alguém encantar-me a tal ponto de eu mergulhar no desejo de descobri-la, não é abundante. Aconteceram pouquíssimas vezes em toda minha vida, e lembro-me detalhadamente de cada uma, exatamente por sua particularidade, por ser tão irracional e impensado. Simplesmente ocorre. Quando reparo em mim mesma, já estou a observá-la, a procurá-la como animal selvagem atrás da cria, a persegui-la com meus olhares penetrantes. Coitado do indivíduo! Melhor fazes em correr, correr pela tua sanidade! Excesso de proximidade comigo não lhe trará bem algum. Digo isso por experiência.

Ainda penso na questão da carne. Tão frágil e tão insossa. Macia e calma em seu desdém. Frígida e amaldiçoada em sua essência. Oh carne branca, cor de neve. Assim é minha carne. Assim ajo. Assim sou.

Insone passo minhas madrugadas. Penso em mil e um devaneios. Atiro-me em mil margens, caio em mil precipícios, e ainda assim, cá estou, a gastar meu tempo e meu tão pouco conhecimento neste espaço. Embebedando-me em mim mesma, ébria de minhas razões, continuo aqui. E procuro por aquele que há de me entregar seu coração e que em troca, o darei o meu. Enquanto isso, continuo sendo... Coração de ninguém.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Who then can warm my soul? Who can quell my passion? Out of these dreams - a boat. I will sail home to you.

"As ilusões são para a alma o que a atmosfera é para a terra. Retirai esse brando ar e a planta morre, a cor empalidece. A terra por onde caminhamos é um ardente rescaldo. É marga o que pisamos, e seixos de fogo quimam os nosso pés. Somos desfeitos pela verdade. A vida é um sonho. É o despertar que nos mata. Quem nos rouba os sonhos rouba-nos a vida."
(Virginia Woolf - Orlando)

Que posso dizer? Não vejo possibilidade alguma de viver sem meus sonhos. São eles que me guiam por esses caminhos árduos e dolorosos. Por mais que as coisas cismem em dar errado, minhas ambições me fazem continuar e com seus braços fortes, me erguem de qualquer possível abismo.
São eles, estrelas que brilham, mesmo ofuscadas por quaisquer nevoeiros, estão ali no céu. Fortes, raiando com uma luz encantadora. Uma certeza tenho nesta vida: Sem meus sonhos, não posso viver. E nem gostaria.

Under the heavens we journey far,
on roads of life we're the wanderers,
So let love rise, so let love depart,
Let hope have a place in the lover's heart.
Hope has a place in a lover's heart.

Look to love and you may dream,
and if it should leave then give it wings.
But if such a love is meant to be;
Hope is home, and the heart is free.
Hope is home, and the heart is free.


Hope has a place, da Enya.
Tradução: http://letras.terra.com.br/enya/102807/

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sobre o que farei no blog...

"Vais ler uma página da vida; cheia de sangue e de vinho..."
Álvares de Azevedo, Macário


Primeiramente começarei explanando de modo nada didático o motivo pelo qual o link do blog é "Coração de Ninguém". Como muitos sabem, sou eternamente apaixonada por Fernando Pessoa, e também Florbela Espanca e Salvador Dalí. Mas o ponto é, este é o nome de um poema de Pessoa, poeta português a qual fascínio me causa.
Na verdade, eu poderia passar horas aqui exemplificando escritores que me agradam. José Saramago é outro magnífico, com certeza colocarei trechos de seus livros aqui no blog, e viajarei sobre suas teorias.
Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecilia Meirelles, Clarice Lispector, Álvares de Azevedo, Cruz e Sousa, Lord Byron...
Devo confessar que não sigo padrões. Cada dia seguirei o que me vier em mente. Faço poemas, textos, resenhas, ensaios... Não me limito a apenas um tipo. E nem a somente um tipo literário, tenho o meu próprio, que digamos assim, seja uma síntese de que que li, tudo que me é inspirador (incluindo nesse aspecto, músicas que ouço, e nem sempre com letras, mas a própria melodia).
Chegarei um dia e falarei sobre uma simplória viagem de ônibus. No dia seguinte, abordarei temas polêmicos e no outro, discutirei um ramo filosófico. Enfim, essa sou eu, uma síntese...
"Eu sou o que perdi."
.De quem imaginam que seja? Pessoa, óbvio. Costumo dizer que essa frase chega mais perto de me detalhar do que qualquer outra. Mas essa é uma viagem a campos verdejantes tão longínquos que realizarei em outro dia, com mais tempo. Aliás, já tenho um texto sobre esta frase, então provavelmente acrescentarei apenas algumas coisas.