quinta-feira, 22 de maio de 2008

That's when I reach for my revolver...

No Tarot, o que vi me intrigou:

"Carta 20 - Kuan

Você é bastante discriminativo em questões amorosas, tem um meio de atrair justamente pessoas que também são altamente discriminativas. Tem uma profunda percepção do coração humano. Você é uma pessoa difícil de ser enganada no tocante à sinceridade de afeições, porque possui um aguçado senso do verdadeiro e do falso, do honesto e do hipócrita, do orgulhoso e do desprendido. Você dá imenso valor às espontâneas expressões do amor que recebe.
É tremenda a sua capacidade de encarar a sociedade em um amplo espectro panorâmico e, inclusive, pode ser dotado da segunda visão. Você é instintivo sobre assuntos importantes, intuitivo sobre os motivos dos demais e já compreende muitos dos segredos do coração humano; você consegue influenciar os outros sem que eles tenham consciência disto, apenas com sua presença. Quando está com sua melhor disposição de ânimo, emanam de você amor e sabedoria - os outros percebem isso e se sentem atraídos - você instila esperança no desespero das pessoas e elas se apegam à sua pessoa, às vezes ficando até emocionalmente dependentes, enquanto aprendem a confiar em seu próprio amor. Mesmo quando se sente solitário, você infunde confiança na vida de seus semelhantes, ao preencher-lhes a solidão. A ironia de tudo isso é que, com frequência, você se refugia em sua torre de marfim. Há ocasiões em que precisa ficar só, a fim de comtemplar o que jaz entre o céu e o inferno."

E um texto meu...


Meia-noite

Tudo acabou. Os sonhos, as vontades, os desejos, ânsias. Tudo se foi junto com as possibilidades.
Tudo dá errado. Tudo cisma em ir em direção a um único caminho denominado decepção. Este caminho, por sua vez, leva a um outro, solidão. Tudo me atinge, por mais que eu diga o contrário. Não consigo me enganar.

Que raiva! Antes abusasse da superficialidade! Uma simplória réplica ou um reles robô do que realmente sou.
O ódio agora atinge meus nervos. Ele está aos poucos tomando-me por inteira. Não existe mais sentido para nada.
E o ódio percorre cada veia, misturado ao sangue impuro de minha carne dolorida. Ódio esse, nada pacífico...

Solidão, solidão e mais solidão. Não aguento mais esse hóspede que me tenta toda noite, e me gasta o dia! Hóspede maldito! Vá-te para longe pois eu aqui não te suporto mais!

Tudo deveria ter um limite. Mas parece que só as coisas boas o tem. Parece que tudo de ruim é infinito e eterno, enquanto o bem é passageiro e curto. Não encontro saídas. A tristeza me aflige. O ódio me encerra. A solidão me corrói. O medo me faz continuar. Mas continuar por qual motivo? Não vejo sentido... O único motivo de minha sub-existência é o sangue de meu sangue.

Mas qual a causa disso tudo? Por que tanta dor? Tantos desencontros... Tanto sofrimento, tanta decepção.
O ódio me tenta. Mas agora, enxergo o mundo de outra forma. Mais simples e racional. Não possuo mais sentimentos. Eles morreram em meio a agonia desesperadora do meu dia-a-dia.
Esvazio tudo que sinto e agora o papel parece parar de respirar em meu lugar. Eu estava sem fôlego e agora já consigo aos poucos olhar pros lados.

Estou viva... Ainda não foi dessa vez - penso eu.

Meu espírito faminto por mentiras que, afáveis, agradassem e amenizassem o que sente, ainda chora, clamando por ajuda. Mas o socorro não vem. Ninguém vem... Ninguém vê...
O mundo continua girando mesmo eu estando quebrada. As pessoas continuam sorrindo, mesmo eu estando moribunda infeliz. A vida continua mesmo a morte estando próxima.
O choro não mais me aflige, e as lágrimas não mais querem cair. Só a lembrança fantasma persegue-me com suas visões aterrorizantes.

Tudo parece voltar ao normal. Meus olhos ainda inchados pelo pranto; meu coração, pelas cicatrizes. Mas tudo parece estar como antes.
A Lua ainda brilha.A fome ainda machuca. A sede resseca. O coração pulsa.
E a história se repete... Incessantemente.
(...)

18/06/05