segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Tristeza amarga

Sabor de tristeza.
Saboreio novamente o que costumava ser o meu paladar diário.
Faz um tempinho desde que não o sinto.
Estava serena, em paz, rodeada de alegrias... Esperançosa.
Agora o que me resta...? Senão o aroma de melancolia?

O amargo contido na minha boca.
Um gosto amargo e insalubre.
Não sei definir muito bem.
Mas é desagradável e desesperador.
Uma agonia que há meses eu não sentia...
Quase achei que ela tinha ido embora.
E veio me dar Oi agora.
Um Oi tenebroso.

Oi, agonia. Digo eu.
Venha cá apertar minhas mãos brancas. Levemente roxas.
Venha cá abraçar meu coração calejado.
Levemente sufocado.
Ele não sentiu sua falta... Nem um pouco.

Oi amargor. Seja bem vindo.
Eu não tenho coragem de mal dizê-lo.
Ou espantá-lo, feito um abutre.
Mas sei que sou carne.
Podre? Talvez.
Em sofrimento, sim.

Sabor de tristeza. Eu sinto novamente.
E mal reconheci.
Na verdade, reconheci de longe.
Meus olhos marejados.
Meus pulmões procurando ar. Com dificuldade.

Sou eu. Tu me reconheces.
Querida Solidão.
E vem me dar um afago.
Só tu, e ninguém mais que tu.

Thais, the Wanderer.
19/10/2015