quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Morfina



Uma dor forte no peito.
Fazia tempo que eu não sentia algo do tipo.

É uma dor como se meu coração estivesse sendo amassado, 
fortemente, por um punho fechado
com extrema força e tamanho ardor.
É como se o sangue de meu coração escorresse por entre os dedos violentos.
É como se houvesse um buraco no meu peito. Oh Deus, ai de mim!
E a respiração está fraca, como se meus pulmões não conseguissem trabalhar,
e estivessem tentando ao máximo me prover um tantinho de fôlego.
Incessantemente.

A dor forte logo vai se transformando em algo comum.
Em uma dor que há muito tempo eu já conheço.
Dor contínua. Dor taciturna. Dor amiga.
Sinto o ar rarefeito e um pouco gélido.
O vento agride minha pele pálida, e meus cabelos loiros acinzentados voam,
como que procurassem o seu verdadeiro recanto.

Sinto dúvidas se um dia algo irá se resolver...
A dúvida corrói mais do que o problema em si.
Sinto que não há mais nada a ser feito, já fui derrotada nesta luta 
que perdura desde meus 13 anos...
Sinto que perdi, embora eu faria todo o possível (e o impossível) para corrigir.
Bastaria uma palavra: Sim.
E eu seria capaz de abandonar tudo. 
(Sinto-me tão inocentemente frágil nesse momento)

Quero Morfina.
Ou qualquer outra droga capaz de curar essa dor,
essa falta de ar e esses olhos lacrimejantes.
Quero Morfina, pois é a única coisa que pode impedir tão severo sofrimento,
dor tão crônica,
espasmos tão loucos.
Quero a Morfina... Para me proporcionar momentos de torpe. 
Uma anestesia geral.
Deus, se tu existes...
Permita-me não mais sentir: Quero viver dormente.

Th. Barbiere
25-09-2013