quinta-feira, 28 de junho de 2012

Are you gonna find me in July?

Uma imagem pode significar mais que um texto inteiro,
mas ainda assim eu escrevo.


As palavras, às vezes, são insuficientes
diante da magnificência dos atos.
Da vida, em si, talvez.
Um abraço ou um sorriso
muitas vezes é mais efetivo que um "eu te amo",
e sua fragilidade falsa.

O mundo gira, nessa esquizofrenia incessante,
enquanto humanos roboticamente permanecem em seu cotidiano.
Presos em escritórios, sem ver a luz do dia.
Presos em relações fracassadas, por puro comodismo.
Proferindo palavras, quase que sem sentí-las.
Na verdade, não a sentem mais.
Utilizam, única e exclusivamente,
para seus próprios fins.

Enquanto isso, se afogam, 
mais e mais, em insignificância.
Abrem mão de sua própria felicidade,
em nome do outro.
Desgastam-se diariamente,
trabalhando incansavelmente...
E não aproveitam os poucos lados bons da existência.

As pessoas sentem medo da felicidade.
Preferem ficar presas em relacionamentos ridículos,
sonhando estar com outro,
ou simplesmente sozinho.
Porém o medo as impede.
Não há ganho sem dor.
Porque temer a dor?
Porque temer o risco?
Pode-se perder, mas
se pode ganhar muito mais.

A vida é ínfima, meu filho.
Aceite-a e se embebede dela.
Viva cada dia como se fosse o último,
porque ele efetivamente pode ser.
Seja epicurista! Sim, seja!
Busque o que lhe dá mais prazer!
Existe tristeza demais nesse mundo.
Melancolia demais.
Miséria demais.
Viva.

Th.
28/06/2012

domingo, 24 de junho de 2012

Diálogo inconclusivo

- Você já se perguntou o porquê que pessoas como nós nos sentimos vazias, solitárias ou no pico da loucura? - disse ele, reflexivo.
- Sim, e já cheguei a uma conclusão. - ela responde, abruptamente.
- Quer compartilhá-la? - ele pergunta, demonstrando certa ansiedade.
- A vida, em si, é vazia. - lastima, cabisbaixa, quase sussurrando.

Sangro mais uma vez

Ainda sou jovem.
Ao menos, fisicamente, pálida e lisa.
Já que minh'alma é velha,
uma anciã cansada da existência.
Dói-me viver.


A dor é feito o escuro,
se apodera de cada frágil canto.
Contudo não se vai embora com qualquer chama de luz.
É ardida e incessante,
ansiosa em seus meios.


Os olhos não mais clamam por cores.
O mundo já me é preto e branco,
com algumas pitadas de cinza.
Amargamente inóspito,
como a minha vida.


Sinto, aos poucos, a loucura me abraçar
e sussurrar palavras deliciosamente sensuais,
que qualquer pessoa sã odiaria.
Luto contra meus instintos animalescos,
e permaneço infértil.


Nada realmente produtivo eu alcanço.
Estou sempre a 4 palmos do abismo.
Pensando e relutando,
devo ou não devo?
Fico ou vou?


Lembranças de expectativas podres
e de sonhos azedos
levam-me a uma inércia talvez nunca sentida.
As anteriores nunca foram tão intensas
nem tão obscuras.


Sobrevoo novamente o abismo,
olho para o céu enevoado como minha vista,
dou um leve sorriso irônico,
viro para o lado e durmo.
Para esquecer que existo.


Thais Barbiere.
24/06/2012 - 21:28