segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amiga






Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor,
A mais triste de todas as mulheres.


Que só, de ti, me venha mágoa e dor
O que me importa a mim?! O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!


Beija-me as mãos, Amor, devagarinho ...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho ...


Beija-mas bem! ... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos
Os beijos que sonhei prà minha boca! ...


Florbela Espanca

Um comentário:

Anônimo disse...

Como são caudalosos os rios de sentido que fluem de um simples poema... até afogam... E ainda assim inspiram ao afogar-se graciosamente.

Beijo,
R.