quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Linha da vida

Comparo a dor da minha primeira desilusão à uma ferida aberta.
Um corte, quando grandioso o suficiente, deve ser devidamente suturado. A intenção é manter unido pele, músculos, vasos sanguíneos e outros tecidos do corpo, após terem sido seccionados por um determinado ferimento. Mas para isso, a sutura deve ser feita o mais rápido possível, para que a cicatriz seja menor e com isso, o processo de recuperação seja mais simples.
Pois bem, no meu caso, comparo a uma ferida aberta porque não houve sutura a tempo. Não consegui chegar a tempo no "hospital" da vida. Eu simplesmente me perdi no caminho, e com isso, a ferida foi piorando, e causando dor.
Por ter ficado aberta, qualquer movimento brusco a fazia doer. Bem como as palavras mencionadas pelo tal causador da ferida eram como um dedo sendo apertado dentro de um machucado. Ou seja, só postergavam a cicatrização. Por esse motivo, ela demorou anos.
Eu não tive a capacidade lógica de pensar em colocar um band-aid que impedisse o tal dedinho de esfregar mais bactérias ali dentro.
Após anos, quando entendi que a resolução poderia ser menos complicada do que eu fazia ser, finalmente consegui que ela cicatrizasse. Agora é uma marca que provavelmente não vai desaparecer nunca. Mas tá ali, fechadinha.
O problema é que a vida te faz cair mais vezes, e mais machucados hão de aparecer.
Agora tenho mais uma. Mas essa eu entendo que consegui sutura. Corri para o hospital, como se não houvesse amanhã. Apenas acho que a linha que foi utilizada não foi tão forte quando deveria ter sido, afinal a ferida não foi profunda mas a queda foi intensa. Está bem dolorida e sinto que a tendência é infeccionar.
Talvez precise de alguns remédios para possibilitar que a recuperação seja mais rápida e menos traumática, pois não tive os cuidados suficientes para impedir a tal infecção. Fiquei tão preocupada em seguir a vida, que esqueci de efetivar a recuperação.

Agora, mais uma vez, cá estou eu.

Thais Barbiere.
05/08/2015

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