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sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ah, Maria...

Monotonia





É segundo por segundo
Que vai o tempo medindo
Todas as coisas do mundo
Num só tic-tac, em suma,
Há tanta monotonia
Que até a felicidade,
Como goteira num balde,
Cansa, aborrece, enfastia…
E a própria dor – quem diria?-
A própria dor acostuma.
E vão se revezando, assim,
Dia e noite, sol e bruma…
E isto afinal não cansa?
Já não há gosto e desgosto
Quando é prevista a mudança.
Ai que vida!
Ainda bem que tudo acaba…
Ai que vida tão comprida…
Se não houvesse a morte, Maria,
Eu me matava!


Mário Quintana

domingo, 13 de abril de 2008

O Sol não queima somente a pele

"Sofrer e chorar significa viver."
Fiodor Dostoievski
"O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo."
Honoré de Balzac


Do site Wikipedia:
Melancolia (do grego μέλας "negro" e χολή "bilis") é um estado psíquico de depressão sem causa específica. Se caracteriza pela falta de entusiasmo e predisposição para atividades em geral. (...)
Pessoas com sintomas de melancolia falam de si próprias como "inúteis", "incapazes de amar", "incapazes de fazer algo bem, ou de bom para os outros", como "irritantes", com "hábitos chatos", e outras características onde o eu interior é desvalorizado por afirmações muitas vezes falsas.
Não estou afirmando nada, mas simplesmente é isso. Que desânimo! Estou desfalecendo, numa falta de vontade, parece que me faltam forças... Tudo parece tão chato. Tudo se assemelha entre si, e tudo tão... Desanimador. Sinto-me indiferente. Indiferente à tudo. Esta languidez me devora viva.

TÉDIO

Passo pálida e triste. Oiço dizer:
“Que branca que ela é! Parece morta!”
e eu que vou sonhando, vaga, absorta,
não tenho um gesto, ou um olhar sequer ...

Que diga o mundo e a gente o que quiser!
- O que é que isso me faz? O que me importa? ...
O frio que trago dentro gela e corta
Tudo que é sonho e graça na mulher!

O que é que me importa?! Essa tristeza
É menos dor intensa que frieza,
É um tédio profundo de viver!

E é tudo sempre o mesmo, eternamente ...
O mesmo lago plácido, dormente ...
E os dias, sempre os mesmos, a correr ...


Florbela Espanca (Livro de Mágoas)