quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Conto da felicidade sem fim

Ele era um rapaz reservado. E mesmo assim, gostava das coisas tudo do jeito dele. Não era fácil de lidar, mas era uma pessoa boa e agradável, mesmo que reclamasse 80% do tempo. Era quieto e antissocial, não gostava muito de sair e conhecer pessoas, achava que ficaria melhor no seu cantinho, embebido na sua vida medíocre e sem expectativa de mudar. Era, enfim, um sujeito não tão típico.

Ela era simpática e adorava sorrir. Saía todo dia em busca de sorrisos. Vivia num mundo romântico e belo, mesmo que soubesse que não era esse mar-de-rosas. Seu coração era doce, ainda que tivesse uma personalidade muito forte, de profundidade e intensidade distintas. Era pessimista, mas sempre teve esperança neste mundo, guardando em si uma filantropia quase morta. Era uma moça não tão típica.

Um dia seus destinos se cruzaram por um raio de luz tão rápido, quase impossível de se enxergar. Estavam andando pela rua, quando esbarraram-se numa esquina escura. Ela caiu, com a força do corpo dele. E ele, agindo rapidamente, estendeu a mão para levantá-la do solo. Seus olhos encontraram-se... Foi o início de uma história ainda sem fim e sem resolução. O rapaz desculpou-se, e ela sorriu encantadoramente. Ele não entendeu o porquê dela sorrir, numa situação como essa, mas ela fez questão de dizer que não foi nada. Extremamente envergonhado pelo mau jeito, ele chamou-a para tomar um café na rua mais próxima... E ela foi.

Conversaram durante horas e se perderam em seus caminhos. O rapaz se atrasou para seu compromisso, bem como a moça perdeu a consulta do médico a qual ela iria naquele momento tão fatal. O momento onde seu coração foi tomado pela flecha do amor.

Após este encontro tão fugaz, nunca mais deixaram de se falar... E se apaixonaram perdidamente um pelo outro, alimentando a memória daquele dia. Nunca mais se viram, pois ele estava de passagem apenas, morava em outra cidade longínqua. Sofreram a distância, e pior do que isso, sofreram a dor da dúvida.
Ele tinha uma família bastante problemática, e sua condição financeira era um tanto precária, então não tinha como vê-la novamente. Ela, porém, era nova demais e ainda estudava, no berço de mimo de seus pais.

Ele sumiu da vida dela. Decidiu que seria melhor pros dois afastarem-se, mas não teve coragem de dizê-la. Sabia que voltaria na decisão caso ouvisse sua voz doce e amável. Sabia que não poderia esquecê-la por nada desse mundo. Então, ele simplesmente deletou-a de sua vida miserável. E continuou cultivando sua tristeza por anos e mais anos. Ela, sendo completamente ignorada, chorou um pranto lastimável a qualquer um que a visse, e a partir desse momento, nunca mais largou a depressão. Seu sorriso nunca mais foi o mesmo.

Ela não entendia o motivo do sumiço dele. Confabulava mil motivos para ele ter sumido... Até que ele voltou, dizendo ter tido problemas. Ela o perdoou. Mas ele sumiu denovo... E seu coração repleto de ervas daninhas estava perdido. Essa ida e volta ocorreu algumas vezes, até ele sumir de vez. Ela prometeu a si mesma que não o procuraria mais, e que o esqueceria. Rasgou todas as suas cartas e apagou todos os seus e-mails. Jogou no lixo qualquer coisa que a lembrasse dele... Menos uma memória.

Cinco longos anos se passaram e eles já tinham se relacionado com outras pessoas, mas as lembranças um do outro jamais se apagariam, tão forte era o sentimento... E tão recíproco era o amor. Um belo dia, a campainha dela tocou. Num horário totalmente inesperado. Ela foi atender... Era ele. Ela não conseguia parar de chorar, mas ele a abraçou e disse que jamais a largaria novamente. Ela olhou em seus olhos e sussurou baixinho que o amava com todas as suas forças. Ele sorriu e a agradeceu por existir, beijando-lhe a bochecha e gritando aos céus que a amava. Ele sorriu. Ela sorriu.

Th.
01/02/2012

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