segunda-feira, 16 de abril de 2012

Às oito

Uma pedrada forte na cabeça.
Sangue que jorra fatidicamente.
- Estou morrendo - Ela pensou.
E o mundo ainda gira, velozmente...
Mesmo que ela esteja inconsciente.
Essa sensação a corrói desde os 15 anos.
É uma tola, eu diria.
E ela vive o seu cotidiano como quem espera a morte.
Num tédio só.
Nenhuma alegria a consome,
nenhum sorriso a aguarda.
A desesperança existe em si.
- Estou aflita. E suja. - Ela conclui.
Uma aflição inevitável e inexorável, quase sobre-humana.
Suja de lágrimas, suor e decepção.
Ela esperava um mundo melhor,
feito de pessoas melhores.
Mas encontrou este lugar escuro e repleto de desilusão.
Que fazer se deu seu coração?
Mas ele foi cruelmente amassado com as mãos,
e o sangue grosso escorreu entre os dedos.
Depois foi pisoteado e deixado ao Sol.
Abandonado aos urubus.
Quem haveria de saber que a história terminaria tão mal?
Ou sequer, terminaria.
Ele jamais teve coragem de dizer adeus.
Ele jamais teve, ao menos, coragem.
Não se sabia o que passava dentro dele,
ou por trás de seus olhos verdes.
Sempre enigmático. Sempre tão reticente.
As palavras lhe pareciam inconsistentes,
Quando para ela,
São mais que essenciais.
Uma frase poderia destruir-lhe o dia,
ou o ano.
Ele costumava saber usá-las ao seu próprio bem,
mas desaprendeu
Ou cansou.
Não se sabe muito bem
Se era amor ou se desandou.

Th.


2 comentários:

Davi Machado disse...

Amor e as suas peculiaridades.
Amar somente, e nada mais...
Amar a semente do jamais.

Às vezes é tão difícil.

parabéns pelo poema!

Laisa Maria Ferreira disse...

Belissimo, senhorita.

Foi um prazer conhecer-te.