domingo, 24 de junho de 2012

Sangro mais uma vez

Ainda sou jovem.
Ao menos, fisicamente, pálida e lisa.
Já que minh'alma é velha,
uma anciã cansada da existência.
Dói-me viver.


A dor é feito o escuro,
se apodera de cada frágil canto.
Contudo não se vai embora com qualquer chama de luz.
É ardida e incessante,
ansiosa em seus meios.


Os olhos não mais clamam por cores.
O mundo já me é preto e branco,
com algumas pitadas de cinza.
Amargamente inóspito,
como a minha vida.


Sinto, aos poucos, a loucura me abraçar
e sussurrar palavras deliciosamente sensuais,
que qualquer pessoa sã odiaria.
Luto contra meus instintos animalescos,
e permaneço infértil.


Nada realmente produtivo eu alcanço.
Estou sempre a 4 palmos do abismo.
Pensando e relutando,
devo ou não devo?
Fico ou vou?


Lembranças de expectativas podres
e de sonhos azedos
levam-me a uma inércia talvez nunca sentida.
As anteriores nunca foram tão intensas
nem tão obscuras.


Sobrevoo novamente o abismo,
olho para o céu enevoado como minha vista,
dou um leve sorriso irônico,
viro para o lado e durmo.
Para esquecer que existo.


Thais Barbiere.
24/06/2012 - 21:28

Um comentário:

Davi Machado disse...

Um poema interior.
gostei bastante. Estamos todos nesta grande procura, que talvez não nos leve a lugar nenhum além de um lugar comum.

abraços!