domingo, 23 de setembro de 2012

Adeus, outono!

Estranho.
Sinto uma angústia. Um misto de desespero com paz. Inquietação com tranquilidade. Que me ocorre?
Estranho conseguir seguir em frente...
Simplesmente me parece que o mundo agora gira com mais força e vigor. Talvez, com mais vontade.
É isso, vontade.
Estranho.
É como se o coração estivesse, sôfrego, gritando palavras de alegria e alívio. Sem me consultar.
Ao mesmo tempo, sinto que a mente concorda. Deixou de lado a lógica por um tempo.
Tão estranho.
Novamente acordar e sorrir.
Novamente dormir sorrindo.
Estranho.
Acho que desacostumei com a felicidade.
(...)
Sinto que o coração palpita a cada palavra, cada sussurro, cada contato.
Estranho demais.
Um sorriso brotando simplesmente pela presença... Longínqua.
Aquele frio que me circulava não mais me congela.
E a tristeza do mundo não mais me exaspera.
Estranho.
O corpo deseja, impetuosamente.
A mente deseja, senão com ainda mais ímpeto.
O coração se cala... E ao mesmo tempo, grita.
Respira, coração.
Estranho.
Antes era tão fácil controlá-lo.
(...)
E ainda assim agradeço aos céus por essa dádiva.
Achei que nunca mais fosse sorrir por alguém.
De alguém.
Com alguém.
Tão estranho.
Não consegui me acostumar ainda com essa sensação de quietude n'alma.
Uma quietude sentimental.
Transbordando sensações, como vulcão em erupção.
Achei que estivesse extinto.
(...)
É, me é estranho.
Olhar para o horizonte e cobiçá-lo.
Sem aquela nostalgia maldita e aquela dor incômoda.
Tão diferente não se decepcionar.
É quase como esperar a luz, quando se é de madrugada.
Sabe-se que o dia a trará.
E tudo isso é estranho.
Não ter mais controle de si, quando se achava totalmente certa.
Totalmente deserta.
Totalmente vazia.
Sem dúvida alguma, é estranho.
É abrupto, é recente, é invasor.
Mas é o marco de uma nova era.
Onde o mar é límpido, mesmo com sua impureza.
A rosa desabrochando quando suas pétalas só caíam.
É primavera.
Adeus, outono!

Th. - midnight
23-09-2012

Um comentário:

Davi Machado disse...

cuidado, o outono sempre volta rs
expressivo seu poema, inspirador, suave.

eu tenho um pouco de medo da primavera, essa estação sedutora cheia de efemeridade.

abraço