terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Suicídio: Sim ou não? - Parte 2

Linha histórica

Somente com o chamamento à razão pelo Renascimento; e à razão e à tolerância e ao liberalismo, pelo Iluminismo; que o suicídio passou a ser menos repreendido. A Revolução Francesa promoveu, então, a primeira "desincriminação" do suicídio na Europa moderna, tanto que esta conduta não era penalizada no Código Penal Francês (1791).

A "moral vitoriana" impunha fortes regras e proibições sociais. O suicídio, nessa época, era visto como ato de vergonha, exatamente pela visão de ser uma patologia, e com isso, era ocultado da sociedade. Surge o estudo de Durkheim (já citado), e o suicídio passa a ser objeto da psiquiatria.

No século XX, com as grandes crises e catástrofes, podemos citar autores como Kalina e Kovadloff, que "definem o suicídio como uma reação psicótica e resultante de uma indução, e não apenas o resultado de uma livre determinação individual", crendo na existência de uma cultura suicida, típica de nosso tempo.

A análise histórica nos faz enxergar a divisão de três doutrinas: A psiquiátrica (Suicídio como patologia ou doença psiquiátrica. O suicida sofre de uma enfermidade mental ao cometer o ato), a sociológica (Suicídio tem determinante social. As forças externas influem na taxa; e em períodos de guerra, por exemplo, ocorre flutuação) e por fim, a psicológica (Defende que a patologia tampouco os fatores sociais não são motivos para o indivíduo tirar a sua própria vida. Os determinantes são atores pessoais e as motivações particulares, conscientes ou não).

"Freud (...), então, procurando explicar o suicídio, foi elaborando uma idéia de agência psíquica que poderia justificar a culpa e a auto-acusação como conceitos importantes para o entendimento da depressão e da melancolia. Deste modo, em 1923, na sua obra O ego e o id, formulou o conceito de superego, com funcionamento inconsciente, bem como as suas relações com o ego, que possibilitaram uma melhor compreensão da dinâmica do suicídio. Para o ego viver, precisa de certa dose de auto-estima e apoio das forças protetoras do superego e, assim, o medo da morte, na melancolia, acontece quando o ego se desespera, porque se sente odiado e perseguido pelo superego. O suicídio é uma expressão do fato de que terrível tensão, produzida pelo superego, ficou insuportável. A perda de auto-estima é tão completa que toda esperança de recuperá-la é abandonada. O ego se percebe desamparado pelo superego e se deixa morrer."


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