segunda-feira, 19 de abril de 2010

ISI - América Latina

Vou postar (quando puder) textos mais informativos. Esse aqui será o primeiro de muitos (espero!) com temas de nível acadêmico.
Preparei uma apresentação do modelo econômico utilizado pelo Brasil e a América Latina em geral, a partir dos anos 30, chamado ISI.

ISI (Industrialização por substituição de importações)





"De 1930 à 1960 uma estratégia de crescimento econômico conhecida
como ISI dominou o planejamento da América Latina."



Surgiu ao formar-se a indagação: Como superar a escassez de recursos que caracteriza o (sub)desenvolvimento latino-americano? Seus dois principais autores foram Raul Prebisch (CEPAL) e Maria de Conceição Tavares.

A ISI surgiu então, no período entre-guerras como uma reação não-intencionada à queda das receitas. Por ter tido uma queda considerável nas exportações, havia dificuldade de pagar as importações, e mecanismos de redução das importações não-essenciais (supérfluas) foram adotados como resposta.

No pós 2ª Guerra Mundial, houve a implementação de medidas de proteção agora com o objetivo de promover a industrialização, e consequente redução do subdesenvolvimento da América Latina. Os principais instrumentos para implementação da ISI foram os seguintes:
1) Licenças de importação (o importador pede licença ao governo para importar); 2) Tarifas; 3) Câmbio múltiplo/ diferenciado (bens essenciais/supérfluos); 4) Participação do Estado em investimentos estratégicos; 5) Política monetária/fiscal (empréstimos a juros favoráveis, redução dos impostos).

É necessário aqui, diferenciar a modelo adotado pelos países periféricos (lê-se: ISI) e o protecionismo do Centro. O primeiro veio como forma de superação do subdesenvolvimento e à problemática do capital escasso. Incentivava a instalação de novas indústrias e era um processo sequencial. Isso tudo justificava a intervenção do Estado no Mercado. Já o segundo, foi uma estratégia de superação de crise (2ª Guerra), para solucionar o problema da alocação de capital, que apesar de ser abundante, era ocioso (não se transformava em investimento). Havia incentivo apenas a algumas indústrias, e às já existentes. Era, ao contrário da outra, um processo concomitante.

Alguns dos efeitos positivos da ISI foram: O estímulo dado à industrialização latino-americana, principalmente ao Brasil, México e Argentina (aumento dos investimentos diretos estrangeiros na região); e modificações nas importações, mas não ao ponto de redução no volume total.

Citarei aqui argumentos a favor da ISI (de acordo com Prebisch):
1) Volatilidade dos preços das commodities (Aumento da produtividade leva à redução dos preços e não à elevação do salário. Aumento na demanda depende do nível de produção do Centro).
2) Termos de troca declinantes (Resultado da concentração das exportações em produção primária, que tem menos valor agregado e cresce menos rápido que por bens industriais; Estrutura do mercado de trabalho no Centro é diferente da na periferia).
3) Indústria Nascente (Competitividade vem com a experiência - Governo protege até que a indústria aprenda).
4) Efeito Multiplicador (Produção industrial, por envolver diferentes ramos da economia, tende a ter efeitos na produção nacional maiores do que o montante inicialmente investido).
5) Natureza dinâmica das vantagens comparativas (Alguns recursos não são naturais - tecnologia - e podem ser criados por iniciativa estatal).

Porém, poucos países efetivamente substituíram bens de capital. A proteção causou sobrevalorização cambial, que reduziu a exportação. Além do fato que maiores gastos governamentais levam a um desequilíbrio fiscal, causando inflação. Também favoreceu apenas algumas indústrias.

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Depois termino e digo a relação com a Teoria da Dependência. ;)

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