sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Anjo perdido

Já fazia um bom tempo que eu não me sentia desse jeito. Perdida, vazia... Antes, eu sempre me senti assim, com uma forte angústia na fronte. O coração mal batia, a alma dolorida, a mente sem rumo. E hoje, há exatos 5 minutos, minha vida mudou novamente. Se eu havia conseguido me livrar (ao menos um pouco) dos braços da infelicidade, agora perdi-me na mais profunda essência da mesma. 


Estranho sentir essa agonia novamente. Havia me desacostumado com tal sofrimento. Pra lhe ser sincera, o sofrimento havia trocado de corpo com a inércia. Esta última permitiu-me uma sobrevivência pesada mas ainda possível, arrastando-se a cada passo por mim dado. Meu caminho desfez-se nos exatos 6 minutos atrás. 


Perdida e vazia. Não enxergo mais o horizonte azul dos mares inquietos... Tampouco enxergo o sorriso da Lua irônica. Sinto que a maresia me embriagou, ou que a areia me arrastou pro fundo. O vento pode ter me levado pra outra existência, não tão plena. Ou o fogo me queimou os sentidos mais terrenos. Não tenho exata certeza do quão terrível é a minha sina, mas sei que hei de manter-me de ombros erguidos.


Acostumada sempre estive com o pessimismo. Com a tristeza, a melancolia. Com as lágrimas, a chuva. Mas agora, minha coragem precisa ser ainda maior: Será? Será que coragem é o que preciso para alcançar a felicidade? Será que é isso que sempre me faltou? E se eu decidir tomar um passo, incrivelmente complexo, a frente... E mesmo assim, me deparar com pedras e pedregulhos? Será que eles se destruirão por aquele que está do outro lado do rio? Ou o rio continuará para sempre com a margem quilométrica? Minhas dúvidas são infindáveis, mas eu não me atreveria a ter respostas pra todas. A vida perderia o sentido... Porém, por que não ter algumas respostas? E no lugar delas, elaborar novas outras perguntas? Ficar sem resposta é muito doloroso, muito angustiante. 


O rio novamente me afoga. É como se ele tivesse me puxado para dentro de si mais uma vez. Antes, eu estava a observar as águas, sentada na margem. Observando minha face refletida. Agora, estou eu debatendo-me infinitamente em suas águas silenciosas. Perdendo o ar, perdendo a visão, perdendo os sentidos... Perdendo a vida.


Th.
27/01/2012

Nenhum comentário: